

PASQUIM PARA POLÍTICA, SOCIOLOGIA E CULTURA
mulheres no 8 de março
MENOS QUE SUPER NÃO DÁ
Quando vejo o alarde das muitas e diversas pré-candidaturas femininas à vereança em Jequitinhonha (certamente é o mesmo por aí afora), me pergunto de onde surgiram tantas super-mulheres, polivalentes, polimorfas, polissílabas e, sobretudo, polidas com um especial esmeril a ponto de não deixar uma só aresta, feito diamantes do Marajá de Baroda.
São simultaneamente donas de casa dedicadas, mães devotadas, esposas apaixonadas, mulheres desejáveis, lésbicas, gays, transgêneros, drag-queens, tudo com a mesma cara satisfeita e convicta, defensoras dos animais tão ardorosas que se distrair defendem até o mosquito da dengue, são católicas praticantes pela manhã, neo-pentecostais aos gritos pela tarde e à noite acendem velas aos orixás nas cachoeiras, são esbeltas como um sonho e ostentam um apetite gigantesco e (sobretudo) fotografável e fotografo à exaustão por comidas em panela de barro e à base de mandacaru (com os espinhos), beijam crianças, cachorros, gatos, gambás,velhos e velhinhas, adoram uma casinha de sapé dessas com um pezim de frô dentro de um piniquim na janela da frente, conhecem todos os gritos de guerra e slogans e politicamente corretos e os lugares idem aonde ir, mas não negociam votos por sacos de cimento.
Já entregam os banheiros prontos.
AINDA: Programa político, posicionamento quanto `a situação político-administrativa no Município, necas, que esse esforço todo é para ganhar as eleições, não prá procurar sarna no pelo do rei da Krantkolândia.
No interior de Minas, o 08 de março virou um segundo Dia da Secretária. Flores e mimimi. A Secretaria da Família, Direitos Sociais e da Mulher Submissa (é isso mesmo?) encarrega-se de enviar flores às domésticas que conhecem seu lugar e não ficam por aí lutando para ter salários dignos que lhes permitam ir à Disney.
São essas que perturbam o mundo, e não deixam as conformistas dormir em paz. Provocam”confusão onde aparecem”. Ora, o mundo dos poderosos é cordial com as submissas, que podem sempre contar com umas migalhas prá matar a fome. Migalhas para as dóceis, demonização para as insubmissas.
Demonizar é desmoralizar, caluniar, discriminar. Isso é o chamado “processo às bruxas”, em que mulheres que saíam das normas, sobretudo intelectuais, eram condenadas às fogueiras, na Idade Média.
pois não se comem flores
As "bruxas" da Idade Média (e de hoje também) eram mulheres de capacidade intelectual e de conhecimentos acima da norma, e que por isso ameaçavam o monopólio do poder masculino
