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NÃO PRENDAM NOSSOS CANTORES! Pássaros ou gente

  • Foto do escritor: coletivoeuiocmbio
    coletivoeuiocmbio
  • 2 de set. de 2017
  • 1 min de leitura

(Cortesia do blog Democracia Política e novo Reformismo)

Poema escrito por Carlos Drummond de Andrade ao marechal Humberto Castelo Branco, chefe da ditadura militar no Brasil, em 1966, pedindo que o regime não prendesse a cantora Nara Leão. A musa da Bossa Nova dera entrevista para os jornais na qual fez críticas aos militares, autores do golpe de 1964, que mudou pela força o sistema político brasileiro. Temendo a prisão de Nara, o poeta fez esse primor de apelo:

(No lugar de Nara Leão, pode-se ler"nossos pássaros". Que não merecem e não devem ir para a prisão por que cantam.)

APELO

“Meu honrado marechal dirigente da nação, venho fazer-lhe um apelo: não prenda Nara Leão (…)

A menina disse coisas de causar estremeção?

Pois a voz de uma garota abala a Revolução?

Narinha quis separar o civil do capitão?

Em nossa ordem social lançar desagregação?

Será que ela tem na fala, mais do que charme, canhão?

Ou pensam que, pelo nome, em vez de Nara, é leão? (…)

Que disse a mocinha, enfim, De inspirado pelo Cão?

Que é pela paz e amor e contra a destruição?

Deu seu palpite em política, favorável à eleição de um bom paisano – isso é crime, acaso, de alta traição?

E depois, se não há preso político, na ocasião, por que fazer da menina uma única exceção? (…)

Nara é pássaro, sabia? E nem adianta prisão para a voz que, pelos ares, espalha sua canção.

Meu ilustre marechal dirigente da nação, não deixe, nem de brinquedo, que prendam Nara Leão.”

Carlos Drummond de Andrade



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