Conversa com Renan: qual futuro para os quilombos? (II)
- CoIetivo audáciadavi
- 9 de fev. de 2018
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ad – Vocês não teriam reagido muito tarde? O quilombo vai enviar representantes a Brasília, dia 08 próximo?
RF - Sim, pelo menos dois representantes. A circulação de informações é muito ruim, pela quantidade de órgãos metidos nisso. E aqui, no nos recanto, nós nos sentimos...

ad - ...receosos?
RF - Não, mal informados, simplesmente mal informados. Veja só, quando tentamos falar com representantes do INCRA, em Belo Horizonte, eles nos informam que não têm nenhuma idéia do que se passa em Brasília.
ad - No fundo, o problema dos quilombos em geral é o INCRA, que não desenrola. Principalmente agora, que o governo se tornou
claramente um balcão de negócios, existe um troca-troca de funcionários...
RF - Nós temos aqui um problema acessório, que é o quilombo ter 71% de sua área dentro da Rebio Mata Escura. Quer dizer, são duas propostas governamentais que se confrontam.

ad - Pior: vejo um INCRA desarticulado, e um ICMBio sem pernas, os dois sem capacidade operacional... Vencendo a tese da ilegalidade dos quilombos, como é que fica, o quilombo da Mumbuca?
RF - Vamos continuar vivendo como desde sempre: em paz, produzindo, preservando.
ad - A pressão vai ser muito grande... A relação de forças vai mudar brutalmente.
RF - É. Queremos continuar nosso sistema de vida, é ver o que seria essa convivência.

ad – Nessa nossa conversa franca, vou te contar uma coisa: minha convicção íntima é que essas terras tinham de ser dos índios Krenak. Os descendentes do índios Borun, dos ditos botocudos.
RF- ...que foram expulsos de lá.
ad – Imagine se eles vêm resgatar o que é deles...
RF – Isso teria a vantagem de fazer a gente sair desse marasmo, alguma solução ia ter de sair daí.
ad – Renan Fernandes, muito obrigada por essa conversa.



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